27 abril 2006

CHAMAME (seudonovela delirante en portuñol con guaranises). Séptima entrega.


*

Lo taxi acelerou por Paseo Colón, subíu por Rivadavia, tomou Bolívar, depois Yrygoyen, Balcarce, Rivadavia e novamente se largou echando fogo por Bolívar. Así le ficimos uno moño rápido a la Praza de Mayo, que mi compadre lo Cholo quería me mostrar antes de nos zambullir na escuridão de São Telmo pra chegar a los fundus fondos de La Boca, lo bairro du clube azul e ouro dus meus amores. Seguimos hasta Brasil: viramos a la esquerda: baijamos a toda máquina hasta Paseo Colón: viramos a la direita: nos metimos em Brown: llegando a Brandsen, de nuevo a la direita: subir hasta Iberlucea: virar a la esquerda: facer apenas unos metros antes da nave se detener nu 532. Na frente de uno edificio mais antiguo que mia abuela, uno cartel facía tiqui-tiqui, deijando ler em palavras de lava ardente: HOTEL FANTÁSTICO - SIX STARS.

Eu estava que arreventava de emocião, com lo corazão retozando feito uno chamamé nu meu peito. Uno dus mais grandes soños de mia vida estava se faciendo realidade. Justamente, conocer lo bairro de La Boca e la Bomboneira havía sido lo motivo que me levou a juntar plata pra lo pasaje e corajem pra lo viaje, agarrar mia cordiona de seis fileiras e me subir nu trem branco chamado Grão Capitão, que me levantou em Paso de los Libres City e depois de mais ou menos tres días de viaje me deijou na Estacião Federico Lacroze.

Agora, reciém chegado a los Buenos Aires, eu estava alí, nu bairro azul e ouro dus meus amores, com lo sobolsi cheno de plata e lo peito inflado de orgullo e felicidade, baijando dum taxi espavorido com meu compadre lo Cholo e com la Lucy. La Lucy: esa rubia querendona que provocou aquele milagre milagroso nu trencinho fantasma. La mesma com la cual vosé, que sabe muito mais de mim que eu mesmo, e ya conoce meu caráter romanticón e cursi pelo cual me morí de uma morte súbita de amor no início desta novela, ya haverá maliciado hace rato que eu jamais dus jamases deijaría pasar oportunidade, despois que ela me mirase mborayhuhápe nu trencinho fantasma.

Mais se vosé también estava maliciando que eu não iba te contar lo que se pasou com la rubia mbarakayá-kÿrÿimi, fonte de minha maior inpiracião, que te trague lo culo du inferno. Si se te ocorre que agora que estou morto se me olvida contar los recónditos desta estória, lo karakú da novela de mia vida, que te coja lo Kurupí, pois agora mesmo amombe´upa la tembiasakué, pra arreventar lo chancho e te mostrar lo melhor du melhor du chamamé de todos los tempos.

Lo que aconteceu com la rubia querendona, foi que eu não perdí ela de vista nem uno segundo, nus 15 minutos que durou la improvisacião que com lo Cholo ficimos nu tren fantasma. De trás de meus antiojos negros eu ví ela me mirar muito mais mborayhuhápe cuando, feito uno ciego añarekó prodigio, comencei a sacudir los trapos da maravilhosa pieza General Madariaga, de don Ernesto Montiel. Ví como ela comenzou a mover lo corpo pra frente e pra trás, siguiendo lo compaso da música: le crecierom las pupilas hasta ficar cuasi mais grande que seus ojos: ficou paradinha discretamente num costado cuando lo bailongo explotou nu vagão: mirava pra mim e se relamía mientras marcava lo tempo com lo pie dereito. Finalmente, au me acercar a ela como uno mansito jaguapytã, com lo estuche de mia cordiana de seis fileiras cheno de pesos, dólares, patacones e hasta caramelos, vi que dentro de seus ojos havía 12.397 mujeres de cadeiras elásticas, todas elas queriendo danzar comigo uno bolero maroquero ou uno chamamé tropical.

Depois eu ví como ela, com grande delicadeza, abría sua carteira, sacava uno billete de 100 dólares e lo deijava caer nu estuche de mia cordiona de seis fileiras. Me deu uma desesperacião, umas ganas de le dar uno beijo em seu yurú-tembé carnoso e le inventar uno soneto chamameceiro, romanticón e cursi. Se me ocorreu que ela não acreditaria em versos de amor a primeira vista, venidos de uno ciego, e que melhor sería primeiro le demostrar que eu vía plenamente sua lindura. Debía le deijar bien claro que sin ela lo milagre milagroso da música, acontecido unos minutos antes nu trencinho fantasma, nunca ouviese sido posível. Então fechei los ojos, tomei aire e pensei forte:

oh rubia querendona que pagaste
muitu mborayhuhápe mia ceguera
eu poso demostrarte como era
mentira mero engaño ¡ciego un traste!

espero uno poema bien te baste
e não me vengas com que é zoncera
que iso se lo deijo a la mais fiera
pra vosé estos versos que ganaste:

92-62-90
son curvas que em teu corpo balancean
dejando mia zabeca que arrevienta

mias manos na cordiona pra que vean
que solo tua lindura viene a cuenta
e sin te ver lo chamamé se afea

Por sorte conseguí controlar lo impulso e não declamar em público lo soneto chamameceiro. Alguien podía se sentir estafado e ficar muito pochy-pochy. Faciendo uno esfuerzo guardei los versos na minha zabeca. A la rubia querendona somente le dije obrigado. Mas cuando me virei pra descender du trencinho ¡cha cha cha chan!: ela me agarrou pelo brazo e me dijo que nosa música la havía levado a uno lugar maravilhoso. A modo de retribucião quería nos ajudar a descender du trencinho fantasma a mí e a lo Cholo.

Quem sabe a qué lugar la música la havía levado a ela, mas a mí suas palavras me provocaram lo efeito de me sentir uno astronauta lanzado a lo espacio sideral. Se me hizo que iba pra arriba arriba dus cielos, numa nave espacial, a la velocidade da luz. Ví delante mío se cruzar pajaros, aviones, nubes e estrelas, hasta lo aterrizaje en uno lugar raro, cheno de marcianas poraité demais. Por último ví que eu baijava da nave e me ponía a danzar com las bichas, flotando em la no-gravidade, a lo ritmo de uma radio FM que tocaba chamame.

Así, flotando por unos segunditos, medio desorientado, fiquei logo despois du oferecimento da rubia querendona. Mas enseguidita me compuse e la abracé. Ela se rió mborayhuhápe e com uma voz de eireté he´ê que eu nunca havía sentido me dijo: eu sou la Lucy. Eu le dije que era lo Sinforiano Ortiz, correntino chamameceiro de nacimento e de corazão, e comencei a le contar todo que me havía acontecido desde mia chegada a los Buenos Aires hasta me encontrar com ela.

A la mesma vez que ela nos agarrou du brazo, a mim e a lo Cholo, e nos foi levando pra fora dus fundus fondos dus Buenos Aires, com todo lo cuidado e la delicadeza com que uma madre conduce a dois hijos, eu fui le contando cuasi todito este capítulo en detalle, tin-tin por tin-tin, sim parar nei pra respirar pra não faltar a la verdade.

Íbamos subiendo la escalerinha cuando cheguei a la parte em que eu me dou conta de que lo Cholo é uno cieguinho que ve muito bien cuando não le conviene e eu le digo que también quiero ser uno músico ciego, e juntos decidimos montar uma sociedade de ciegos gua´ú.

Na vereda da Av. Corrientes eu vi que ela ficava muito seria, com uma expresião de tristeza tão grande que me deu uno escozor na vertebral. Cheguei a pensar que ela iba nos deijar alí tirados, agora que sabía que veíamos muito melhor que muitus dus pescados mortos du trencinho. Por iso acelerei lo relato, pra chegar cuanto antes a la parte em que sua belezura se mete por meus ojos me provocando uno ataque de música. Tentei le explicar da melhor maneira posível como ela havía sido la causa de que lo chamamé empezase a virar ¡zuuummmm zuuummmm! em mia sangre como uno linfocito enloquecido. Le contei que por sua causa tuve que pelar mia cordiona de seis fileiras e deijar salir por meus dedos todo lo desbordante amor a primeira vista com que ela me trabajou lo corazão. Enseguidita, sin deijar que la coisa se esfríe, le zampé lo soneto chamameceiro. Alí mesmo, em lo cruzamiento de Paseo Colón con la Av. Corrientes, ela me deu uno beijo ruidoso e parou aquele taxi espavorido. Así comenzava nosa escursião hacia lo bairro du clube azul e ouro dus meus amores. ¡AÑARETÃMEGUÁ, CARAJO!


Mborayhuhápe: cariñosamente
Mbarakayá: gata
Kÿrÿimi: tiernísima
Karakú: tuétano
Kurupí: dios o demonio de la sexualidad. Hombre pequeño, de cuero escamoso, orejas en punta, con los pies hacia atrás y una verga que le da varias vueltas a la cintura. Esta última virtud le permitiría embarazar a una mujer a la distancia
Amombe´upa: les voy a contar
Tembiasakué: historia
Añarekó: endemoniado
Jaguapytã: especie de onza o pantera colorada
Yurú (Jurú): boca
Tembé: labios
Pochy: enojo, enojado
Eireté: miel
He´ê: dulce
Gua´ú: falso
Añaretãmeguá: infernal

24 abril 2006

Viaje al Caribe Paraguayo, II

Despois de uma incursião por tierras paraguayas, este blogui chamameceiro, lo mais importante du mundo todo, vuelve au ataque. Los estudos etnoilógicos, linguarísticos e musicológicus feitos na arena seca du Paraguay conformam uno acervo importantísimo que servirá como culo pra la conspiracião contra la boa literatura e lo bom gosto musical que neste blogui-blogui se viene desenvolvendo. Nus próximos días, los milhones de leitores desta página virtual poderán ver desparramadas nus textos algumas novas kakitas em guaranises, así como sentir que la música da uma virada hacia lo chamamé tropical, e inclusive hacia lo chamamé experimental tocado com bocinas de carros. Como dice lo Komandante Kanese: Ante la duda: arremeta siempre hacia adelante (sic). ¡E que se queme la peluca! ¡Añamemby!

17 abril 2006

Melodía para José - Lucky Bentos -


Powered by Castpost

Luna Guerra entra a México, DF


Entramos al DF como si la vida fuese una fiesta. Y lo era.
Atravesamos la ciudad en un descapotable rojo lleno de luces.
La nave parecía un plato volador o un prostíbulo sobre ruedas.
Fuimos como en cámara lenta, escupiendo un son atronador:
¡los marcianos llegaron ya/ y llegaron bailando rica-cha!
¡rica-cha rica-cha rica-cha/así llaman en marte al cha-cha-cha! [Ruiz Quevedo]

A la altura de la Zona Rosa ya teníamos detrás un carnaval.
Una confusión de banderitas, trompetas y trombones, máscaras
y atuendos arqueológicos, papel picado, tiros al aire y la gritería
de una gente oscura que decía: ¡VIVA DIOS! ¡VIVA DIOS!
y nos regalaba flores y aguardiente y pan y cacharritos.

Llegando a Reforma ya éramos transmitidos a todo el planeta,
vía satélite. Violenta facción terrorista entra a México DF a sangre y fuego,
decía Glenda Umaña para CNN en español.
Pero no Sra., no era terrorismo, era un carnaval a troche y moche,
se desataba a nuestro paso y la tierra temblaba, hecha un volcán.

Pero sepan que esta servidora nada tuvo que ver con el fenómeno.
Yo solo hacía dedo en la ruta cuando me levantó ese viejo loco
que me trajo a 180, en piloto automático, como si fuera dios,
en su auto rojo, con parlantes cuadrafónicos al mango,
cantando: ¡ayer la poesía se murió, hoy sólo resta bailar!

Ese viejo que al final nunca supe quién era, que decía ser poeta,
pero más bien parecía un forajido que iba desorbitado, alucinado,
drogado, armado hasta los dientes, arrastrando un jolgorio detrás,
y que cuando la fiesta terminó me abrazó, me besó y dijo:
cuidate lunita, sobre todo de la policía cuidate, mi amor.

Después se marchó a los tiros con la turba toda triste detrás.
Yo quedé más sola que un cactus, en pleno Zócalo,
oyendo en el aire vibrar el último bolero que cantó:
¡aunque el amor que se fue no volverá otra vez,
en mayo los malinches volverán a florecer...! [Ernesto Cardenal]

México, DF; 2002

16 abril 2006

Tita - Lucky Bentos


Powered by Castpost

Lucky Bentos, amigo chamameceiro de Paso de los Libres City, me pasou esta linda pieza suya, ademais de outra belícima que não funcionou nu Castpost. Cuando resolva lo problema, Melodía para José também estara sonando a toda máquina, aquí mesmo.

Gracias Lucky, compadre!!! Y saludos a tu perro Fierro.

14 abril 2006

CHAMAMÉ (seudonovela delirante en portuñol con guaranises). Sexta entrega.

*

Vou te decir que ese encontro com lo cholito, nus fundus fondos du añaretá añarekó dus Buenos Aires, pareceu coisa de noso verdadeiro pai Ñande Rú. Tal como si lo viejo lo ouviese anotado num papelinho michimí cuando estava nu medio das tinieblas primigenias; uno papelinho que depois se le traspapelou entre tanta porcaría deste mundu, e que cuando lo viejo encontrou, entre tanta porcaría deste mundu, decidiu que se cumpliese lo que alí havía anotado.

Foi coisa verdadeiramente sobrenatural. Eu e lo Cholo éramos dois gentes que nei precisávamos nos falar pra entender lo que lo outro estava malisiando, tal como si fuósemos dois metades da mesma zabeca: pehengue mokõi zabeca ha´eveté. Dois partes que funcionando como uma lubricada maquinaria musical conseguíam la mais difícil operacião du mundu todo: facer musiquinha instrumental com lo sonido du pensamiento:

avañe´ê
parãrã pereré

Na estacião Callao eu e lo Cholo nos pusimos los antiojos negros, y tanteando lo aire com uma mano como dois cieguinhos desnorteados subimos a lo primeiro trencinho fantasma que chegou. Cuando las gentes se abrirom paso e nos mandamos pra dentro du vagão, eu ví desde trás de meus antiojos negros uno montão de caras de pescados mortos nos mirando duma forma mais fiera que la morte. Ouví terrívles voces que parecíam venir du mba´é pochy añá: ¡pobres cieguitos!

Te juro que lo miedo me fizo uno nudo nas tripas e tuve grandes ganas de salir correndo pra fora du trencinho, mas la porta ya havía se fechado. Mirei a lo Cholo pra le pedir auxílio, mas ele estava mirando pra lo techo du tren como uno verdadeiro cieginho, mientras falava não sei que coisa da caridade e das monedinhas. Aí mesmo me entrou uma temblequeira nas pernas e meu corazão empezou a fazer uno túky túky enloquecido que hasta me pareceu ver la bruma final. Mas vosé não vai acreditar mia suerte, porque justo então, antes que eu me desabase desmayado, aconteceu uno milagre milagroso: entre todas las gentes que nos miravam com suas caras de pescados mortos encontrei, como uno oasis nu deserto, los ojos de agua azul-azulina de uma rubia poraité demais me mirando mborayhuhápe: mbarakayá kyrÿimi la rubia querendona me mirava. Aí sí me volvió la sangre a lo corpo e lo coraje se me subió a la zabeca de uno repente. La música comenzou a correr feito uno carro de F1 por mias venas, e então decidí arreventar zabecas com uma improvisacião capaz de facer bailar hasta uno finado. Eu estava convencido de que se mostrase pra todo lo gentío dese trencinho fantasma quien eu era, então la rubia querendona sabería sin ninguna dúvida, com la certeza de uno balazo, quien era lo verdadeiro patrão du chamamé.

Respirei fundo, deijei la bolsa com laranjas e chipá num costado, abrí lo estuche de mia cordiona de seis fileiras, la saquei como si fuose lo Antonio Banderas sacando uma metralhadora de 10.200 tiros por segundo nu medio du deserto mexicano, coloquei meu pié sobre lo estuche, me calcé la máquina sobre la perna direita, e com la zabeca perdida na música e na imagen da rubia querendona entré a escupir plomo pra todos lados, improvisando bonitu sobre ese chamamezaso chamado General Madariaga, da autoría du Grande Sr. da Cordiona, ex-embajador de Paso de los Libres City: ¡DON ERNESTO MONTIEL, CARAJO!

Vosé sabe que eu nunca na mia vida me olvidei, nei agora que estou mais morto que dios me olvido du que aconteceu imediatamente depois que eu empezase a meterle rosca a lo chamamezaso General Madariaga angaú. Lo que aconteceu foi que de repente todas las voces se apagaram e dentro du vagão ficou flotando sólo lo sonido de meu instrumento. Eu sentí como los bajos se movieron pesadamente pelo aire, atravesaron lo vagão entero, rebotaron contra la puerta e voltaron para onde eu estava mientras las notas altas fueron e vinieron em círculos, virando e virando sobre si mesmas, saltando como uma explosião de colores claros-claritos, sacándole como tres vueltas a las outras. Lo sonido de mia cordiona de seis fileiras se levantou como uno hongo atómico: chenou lo vagão du trencinho fantasma: invadiu los ouvidos de las gentes com uma forza arrebatadora: uma forza pior que la radioactividade, que fizo que algunos perdieram la respiração durante los primeiros dieciseis compases.

Dieciseis compases, ese foi lo tempo que lo Cholo permaneceu parado nu medio du vagão, duma maneira tal que parecía la persona más solitaria du mundu todo, mirando pra lo techo como si fuose la persona mais ciega du mundu todo, sem facer uno único gesto, como la persona mais sorda du mundu todo. Mas cuando eu cheguei a lo final da oitava vuelta, lo Cholo levou la zampoñita a la boca e empezou a soplar como uno loco uno bonitu yvytu-í musical:

lalá
pepé
popó
pupú
tytýí
kukúi

¡Purahei iporá! lo que estava se ouvindo. Tão iporá e espectacular que eu não podia nei acreditar. Lo Cholo parecía la reencarnacião de lo John Coltrane tocando uno chamamé angaú com uma zampoñita de tacuara.

La coisa se puso mais linda que mia hermana nu trencinho fantasma, que siguió viaje hasta parar na estacião Uruguay. Alí subiram mais pasajeiros, mas nadie baijou du noso vagão. La nave continuou viajando a 100 por hora, faciendo uno traca-traca de fierros que ya nadie mais ouvía, porque lo Cholo e eu, eu e lo Cholo, numa improvisacião maravilhosa chenávamos de música todos los recovecos onde podían se esconder los ruidos e lo silencio dentro das zabecas das gentes.

Iso acontecía porque los dois falávamos lo mesmo lenguaje: ñe´é porá tenonde, e nese acto de fazer música com lo sonido du pensamiento eu movía mias manos para expresar com mia cordiona de seis fileiras lo que ele pensava e ele soprava como louco, moviendo las manos, pra decir lo que por mia zabeca se pasava.

Fuimos hasta la estacião Carlos Pellegrini onde mais gente subió a lo trencinho sin que nadie baijase de noso vagão. Eu e lo Cholo continuávamos falando como si estuviésemos em outra dimensião. Mas noso lenguaje resultava tão universal e primitivo que aunque lo gentío não entendiese la gramática-í de nuestra música, nu fundu nu fundu sentía muito bien noso mensaje.

La melhor demostracião diso aconteceu cuando uma vieja se agarro sapyaitépe com uno pirucito com pinta de doctor angaú, e ambos los dois entraron a sacudirse siguiendo lo ritmo deorbitado que eu e lo Cholo le poníamos a lo chamamezaso de don Ernesto Montiel.

Lo trencinho todavía parou na estacião Florida, onde subiu mais gente, aunque nadie baijou du noso vagão.

¿E vosé sabe por qué nadie baijava du noso vagão? Ya haverá imaginado que iso acontecía porque todo lo gentío, que parecía uma selva de bichos raros enjaulados em suas roupas, rápidamente entrou nu taratí que com lo Cholo le largamos e se comenzou a descamisar que era uma belezura. De modo que cuando lo tren fantasma estava chegando a Leandro N. Alem, que esa era la estacião final du percurso, hermoso bailongo ya havía se formado dentru du nosso vagão.

Foi como si lo gentío se ouviese percatado de uno repente de que afora lo mundo estava se acavando, y antes de salir a la calle e enfrentar una morte segura ante uma invasión yanky, uno ataque de marcianitos verdes de Tim Burton ou cualquer forma absurda de destrucião, ouviese decidido dedicar los últimos instantes de sua vida a bailar lo chamamé.

Cuando finalmente lo trencinho se detuvo e uno parlante falou que todos los pasajeiros devían descender du trem, eu e lo Cholo improvisamos a lo unísono uma coda super porá poraité:

túky túky
tumbýky tumbýky
fle fle

faciendo que lo último fle permaneciese nu espacio durante cuase dois minutos, até que solo solito foi se apagando, se misturando com lo silencio e lo barullo das tripas dus Buenos Aires.

Todo lo gentío comenzou a gritar ¡BRAVO! ¡BRAVO! ¡OUTRA MAESTROS! e eu com lo Cholo, que facíamos lo papel de cieguinhos mas não de boludos, empezamos a pasar por cada pasajeiro com lo estuche de mia cordiona de seis fileiras.

Lo resultado foi que logo depois de receber uma inyeción de vida que durou mais ou menos los 15 minutos de nosa improvisacião, los pescados muertos redivivos colocarom pesos, dólares, patacones e hasta caramelos, que numa conta final nos deu como 1.233 pesos, dividido por 2 = 616 dólares com 50 centavos. Nada mal pra ser noso primeiro trensinho fantasma du suceso.


Añaretá: infierno
Añarekó: endemoniado
Ñande Rú: en la cosmogonía guaraní, el padre creador
Michimí: pequeñito
Malisiar: pensar
Pehengue: pedazo, fragmento, parte
Mokõi: dos
Ha´eveté: mismo
Mba´é pochý: maldito
Añá: diablo
Mborayhuhápe: cariñosamente
Mbarakayá: gato
Kyrÿimi: tiernísima
Angaú: falso
Yvytu-í: vientito
Purahei iporá: música hermosa
Ñe´é: palabra, lenguaje, alma
Porá: hermoso
Tenonde: primigenio
-Í: sufijo deminutivo guaraní
Gramatica-í: gramatiquita
Sapyatitépe: súbitamente
Pirú: flaco

11 abril 2006

Valparaíso, Infierno de Luna Guerra

Me instalé en Valparaíso para escribir un libro de poemas.
Me decía a mí misma: lunita: necesitás la calma del mar,
la brisa del mar, andar por las calles de una ciudad con mar,
rabas con limón y vino tinto junto al mar necesitás.
Entonces sí podrás escribir tu gran obra inmortal.

Por eso fui allá, me instalé a la vuelta del Mercado del Puerto,
al lado de un bar de pescadores, a cuatro cuadras del mar.
Me emborraché y caminé hasta que me salieron callos.
Les juro que hice un esfuerzo grande, ¡grande! Pero nada.
Busqué y busqué en la arena, pero nada. De poesía, nada.

Para colmo un día el mar amaneció bravo, negro se veía,
y la brisa se volvió pestilente, y la marea creció de golpe
y tuvimos que ganar la altura y abajo mucho se perdió.

Después lloramos un mar por los bienes que el agua llevó
y la gente festejó cuando la radio dijo que según la cruz roja,
los bomberos y los carabineros, no hubo víctimas que lamentar.

Ahí sí que me fui triste e indignada de ese infierno
repitiéndome una y otra vez: ¡qué saben los carabineros,
qué mierda van a saber, de mi poesía, de la inmortalidad
de mi poesía, que en algún lado boyando andará!

Santiago, 2003

09 abril 2006

Acordeón de una hilera - Tránsito Cocomarola


Powered by Castpost

07 abril 2006

CHAMAME (seudonovela delirante en portuñol con guaranises). Quinta entrega.

*

Cheguei a los Buenos Aires em uno tren branco chamado Grão Capitão, que me levantou em Paso de los Libres City e depois de mais ou menos tres días de viaje chegou a la Estacião Federico Lacroze. Au baijar du tren e salir da estacião me encontrei com que los Buenos Aires era uno verdadeiro añaretá añarekó, como ya havíam me falado; mas te conto que pra mim resultou uno añaretá añarekó muito bonitu demais: uma ciudade que funcionava como uno sistema de eletro-choques, desde lo primeiro momento le metiendo bomba e bomba a minha emocião.

Lo primeiro arrebato me aconteceu nei bien salí da Estacião Lacroze e quise atravesar la avenida du mesmo nombre. Iba pela metade da calle cuando lo semáforo ficou verde de uno repente, e los coletivos, carros e motocas empezarom a pasar ¡FIUMMM! ¡FIUMMM! pracá e pralá. Eu fiquei alí mesmo, no medio da avenida añarekó, parado unos diez minutos, com lo corazão na bouca, eufórico de emocião entre todos eses veículos que facian uno gostoso vientito: yvytu-í musical me acarinhando la alma du corpo. ¡QUE FELICIDADE! estar nu medio de uma avenida dus Buenos Aires, com minha cordiona de seis fileiras numa mano e uma bolsa com chipá e laranjas na outra, ouvindo iso que soava como uma orquesta com rodas: presto, súbito, acelerando, prestísimo, a toda máquina... Uma verdadeira arremetida de música que durou apenas unos diez minutos mas que podía haverme levado a la gloria se não fuose por lo policía que vino e me tocou lo pito: prrrrr, prrrrrrrrrr me fizo, e ¡PUTAQUEOPARÍU! me vi obligado a atravesar la avenida faciendo fuerza pra la música não se escapar de minha zabeca.

Na vereda me puse a observar atenciosamente lo añaretá añarekó dus Buenos Aires. Então me percatei da belezura da ciudade: cien mil angelinhas Lucyfer poraité demais saltando pra todos lados, saliendo de cada buraco, de cada piedra, de cada canto saliendo. ¡AIAIAI! tanta lindura toda junta me deu uno mareo: fiquei desorientado e comencei a virar e virar como uno trompo gordo na vereda infernal: meus ojos prontos pra arreventar, feitos dois globos chenos de angelinhas Lucyfer.

Foi uno estado de trance lo que me atacou na vereda enfrente da estacião Lacroze. Enseguida, nu medio da inspiracião, ouví uma voz melodiosa que me fizo uma revelacião que cambiaría minha vida pra sempre. Parecía venir das moradas de noso verdadeiro pai Ñamandú la purahei porá voz que me dijo: Yvymarae´ÿ ko´ápe los Buenos Aires, ñande tekohá onde la cumbia e lo chamamé crecen como lo avatí e las angelinhas são imortales.

¡ÓHQUETE! Bonito me estremeceu la voz. Tão muito tanto que ahí nomais decidí ficar a vivir nus Buenos Aires, pra le meter rosca a lo chamamé e acarinhar las angelinhas Lucyfer poraité demais como se tocase em semifusas minha cordiona de seis fileiras:

taratatá
perepepé
piripipí
tiritití
turundumdúm
dum dúm
charráu

Cuando conseguí me equilibrar me acerquei a uma angelinha Lucyfer procurando me orientar. Acomodei la voz a lo Pavaroti, empujando lo aire du estómago pra la zabeca, e le perguntei onde ficaba la cancha de Boca Juniors, lo clube azul e ouro dus meus amores. La angelinha me mirou como si eu fose uno marciano e acelerou lo paso. Parei mais umas diez angelinhas, mas todas facían cara de surpresa, como se eu ouviese salido du Discovery Channel. Meu último intento foi dirigido pra uma monjinha poraité demais que pasou moviendo lo uquelele: sucundún-sucundún, duma forma que me pareceu uma invitacião pra facer flékiti-flékiti (2), e que me fizo correr trás ela emocionado. Cuando la alcancei me virei pra seus faroles e me persignei tres vezes antes de le perguntar onde ficava la Bomboneira. La hermanita saliu corriendo e gritando socorro. Eu me fice humo: fumasa: tatatî entre todo lo gentío, sem entender por qué las angelinhas Lucyfer me miravam como si eu fuose uno bicho. Finalmente, cansado de impostar la voz, decidí perguntar diretamente pra uno viejo que vendía panchos na esquina duma pizzería. Lo viejo me explicou cinco formas distintas de chegar a la Bomboneira. Eu escogí meterme nu buraco negro que te leva pra los fundos fondos subterraneos dus Buenos Aires.

Nas tripas da ciudade luz entrei a uno trencinho fantasma que em pouco tempo ficou hasta lo techo de gente. Las portas se fecharom e la máquina comenzou a andar traca-traca-traca-traca. Lo gentío iba muito serio, como si ouviese ocurrido uma tragédia e todos fosem pra uno velório. Mas te conto que a mí, lo que é a mí, la felicidade me salía pelas orejas. ¡QUE SENSACIÃO! andar num trem fantasma, dentro das tripas dum monstro gigante que regurgitava como se fose uma máquina gigante de comer gentes, faziendo uma música mecánica maravilhosa: traca-traca-traca, pssssssfffffffff, ayyy, traca-traca, uyyyyy, traca, pssssssffffffff, traca-traca, hijoeputa, traca, pssssssffffff, traca-traca, traca, pssssssffffffff, próximaestación, traca-traca, CarlosGardel, traca, pssssfffffff...

Eu iba com los ojos fechados, sentindo la música de fierros e gritos, cuando de repente ouví uno turututú cuasi tão dulce y alegre como lo chamamé ¡mas não tanto! que me invadiu lo corazão. Cuando abrí los ojos vi uno tipo de antiojo escuro soplando uma zamponha e danzando pracá e pralá. ¡AIAIAI! Aí sí que muitu me gostou la coisa, porque iso era como viajar num trem fantasma pelas tripas dus Buenos Aires com música funcional em vivo. Cuando percebí que la gente le daba monedinhas me dei conta de que lo tipo era ciego e sentí lástima. Eu, que não tenía monedas, le puse em la mano uno chipá com forma de pescadito que minha abuela havía me preparado pra lo viaje. Lo tipo me dijo que ele quería dinheiro e não chipá com forma de pescadito, e então me dei conta de que era uno ciego gua´ú que vía muito bien cuando não le convenía. Alí nomais, sem perder nei uno segundo, le dije que eu também quería ser músico ciego e le mostré minha cordiona de seis fileiras. Lo tipo me fizo uma sinal com la zabeca pra baijar na seguiente estacião.

Nunca, nem agora que estou morto vou me olvidar que foi na estacião Callao que lo tipo me deu outro antiojo escuro que sacou du seu bolso e me dijo: eu sou lo Cholo de Trujillo, poeta del azar y músico dodecafónico-concreto-experimental, minha única família é meu burro e ser ciego minha profisião. Eu respondi: Sinforiano Ortiz, correntino chamameceiro de nacimento e de corazão, romanticón, folclórico y cursi, pero corajudo. Minha cordiona de seis fileiras toca hasta lo que eu não sei tocar.

E así foi que comenzou minha sociedade com lo Cholo, lo peruano mais desorbitado que eu ya ví sobre la fase da terra, que se vino a pie desde Trujillo, sólo solito com sua zamponha, seu burro, sua bolsinha de poemas e mais nada. E alí ficou firmado e sellado apenas lo início, lo ta´ÿi tenonde de la revolución mayor du chamamé, hoye em día lo tecno-chamamé, que ya é furor nas discoteques, nas radios, na tevé, nus satélites mundiais du mundu todo, e que hoye lo mundu todo baila como si estiviese posuído pelu mesmísimo demonio: añá. ¡AÑARETÃMEGUÁ, CARAJO!


(2) Em mail-í reciente, lo poeta paraguayo Jorge Kanese (o Canese) me propone abonar com merda galáctika uma po´ëtika de 3 fronteiras: “Muerte-Lokura-Flékitiflékiti”. (sic)

Añaretá: infierno
Añarekó: endemoniado
Yvytu: viento
-Í: sufijo diminutivo guaraní
Yvytu-í: vientito
Poraité: hermoso
Purahei: música
Porá: lindo
Yvymarae´ÿ: para los guaraníes, la prodigiosa Tierra sin Mal donde el maíz crece solo y los hombres son inmortales
Ko´ápe: aquí
Ñande: nuestro
Tekoha: ecosistema natural dónde se desenvuelve el
teko, o modo de ser del guaraní
Avatí: maíz
Tatatî: humo
Gua´u: falso
Ta´ÿi: semilla, esperma
Tenonde: primero
Añá: diablo
Añaretãmeguá: infernal
Mail-í: mailcito

04 abril 2006

El girasol de Luna Guerra

Cultivé un jardín en la terraza de mi casa. Lo primero que sembré fue un girasol. Al principio dio una flor hermosa, pero al cabo de un año la planta empezó a marchitarse. El I Ching me dijo que todo lo que da luz depende de lo que lo rodea para continuar brillando, y entonces entendí que debía ocuparme para que mi girasol no sucumbiera. Allí comenzó la tarea más ardua de mi vida. Planté otras especies a su lado: violetas, cretonas, malvones, amantia muscaria y una frondosa pasionaria. Aboné muy bien la tierra y regué con cariño tres veces al día. No hubo caso. Mi girasol desmejoraba y desmejoraba. Temía moverlo, por eso mudé mi casa a la terraza. Cocinaba al lado de la planta maltrecha, me bañaba con la regadera, por la noche le escribía poemitas y la arrullaba con canciones de cuna. Un día de esos el tallo empezó a erguirse y la florcita hasta pareció feliz. Pero enseguida hizo trac-trac, como si se quebrara, y decayó nuevamente. ¡Qué tristeza! Al día siguiente decidí hacer un último esfuerzo y mudar el mundo a mi terraza. Comencé de a poco. Primero traje el Océano Pacífico y los sobrevivientes de la raza de los Arpedres, con sus bellos tatuajes. Luego subí por la escalera el desierto de Nazca con sus dibujitos, y allí planté el jardín botánico de la isla de Phobos. Lo último que pude traer fue una selva de la que salió mi desdicha: un pájaro negro, verdaderamente enorme y negro que chillaba cuarc-cuarc, y que antes de que pudiera pegarle un tiro se comió a mi girasol, de una vez por todas.

Lima, 2002

02 abril 2006

Machete 22 - Damasio Esquivel


Powered by Castpost

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 2.5 Argentina License. More blogs about www.lunaguerra.blogspot.com.